domingo, 1 de dezembro de 2013

Daddy, thank you for loving me so much

Meu relacionamento com meu pai sempre foi o melhor do mundo. Eu provavelmente fui a criança mais amada do mundo por um pai. Ele sempre me disse que era seu maior senhor ter uma menina, e quando ele me viu pela primeira vez foi o melhor momento da vida dele, que eu sou exatamente o que ele pediu a Deus.

Meu pai me ama muito e sempre me deu tudo, principalmente educação e limite. Eu nunca fui o tipo de criança mimada que faz show no shopping porque quer um brinquedo. Eu aprendi a perdi e a aceitar ouvir um não as vezes. 

Algumas coisas marcam nossa vida, coisas que podem até ser bobeira para os outros, mas que você lembra com muito carinho. Uma dessas coisas é que meu pai chegava cansado de um dia de trabalho e faculdade, 1 hora da manhã, e eu estava esperando-o para brincar. Ele nunca deixou de brincar comigo. Loja imaginária, comer comida invisível que eu fazia, deixar que eu colocasse meus acessórios no cabelo dele. Nunca teve um dia que ele não me fizesse rir. As histórias que ele me contavam eu ainda irei publicar um dia. Papai nunca leu livros pra mim, ele inventava na hora uma história incrível sobre coisas que eu gosto. Eram incríveis. E ele não gritava comigo, ele conversava, explicava porque eu não podia fazer aquilo ou porque eu deveria fazer. 

Meu pai sempre viveu por mim. Não foi surpresa quando ele e mamãe se separaram. Minha mãe é a pessoa mais doce e boa no mundo todo, mas eu acho que meu pai realmente já não a amava mesmo. O ressentimento veio porque ele ao invés de abrir o jogo que queria terminar o casamento, simplesmente a traiu. Aí tudo mudou. Minha cabeça deu um nó gigante, principalmente porque fui eu que descobri toda a sujeira.

Não foi fácil, não é até hoje. Eu de repente vi meu herói, o anjo que eu tinha num pedestal cair. De repente eu fiquei com ódio e criei um laço muito forte com a minha mãe, que antes não me era tão próxima quanto meu pai. 

Encurtando a história e pulando as partes escuras e dolorosas hoje já se passou três ou quatro anos desde que ele saiu de casa, e NUNCA em momento algum me abandonou. Ele simplesmente vinha me ver TODOS os dias, nossa relação não se quebrou de forma alguma, ele me tem como a pessoa de mais confiança, sempre me respeitou sobre o fato de eu não querer conhecer sua mulher(sim, ele casou com a vagabunda), NUNCA me forçou a nada, NUNCA me deixou faltar dinheiro nem carinho. Hoje em dia ele não vem todos os dias porque está morando longe, mas liga a todo momento, manda sms e emails engraçados. 

Meu pai fez o que todos duvidavam, e o que eu sabia que iria fazer: continuou a me amar e me tratar como a coisa mais importante da vida dele. 

A maioria dos casos de separação em que o pai vai embora eles não procuram os filhos como antes, e as vezes até nem querem pagar a benção, o que é terrivel na minha cabeça. Fico realmente mal pensando em quantos filhos são rejeitados de forma fria, mas por outro lado meu coração se alegra em saber que eu faço parte da minoria. Meu pai nunca me deixou e  hoje eu consigo ver isso com clareza. Não tenho vontade nenhuma de conhecer a vadia(sempre será vadia pra mim), nem o filho que ele teve com ele, porque no final não importa a vida que ele fez. Ele sempre será o meu numero um, como eu sempre serei a dele.

Eu passei por uma fase de ódio enorme, mas agora eu sei que era muito ressentimento guardado, e que eu amo meu pai como desde o dia do meu nascimento. Tanto amor que recebo não faz sentido virar nada além de muito amor também. A parte da traição eu sempre vou levar uma mágoa, eu entendo que pessoas fazem merdas, mas nunca irei esquecer o que vivi naqueles dias. 

Meu ponto é que estou começando a perdoar meu pai, como eu disse, não por trair, mas por nunca falhar comigo e sempre ter tratado minha mãe muito muito bem após a separação. Na verdade toda minha família, principalmente com essa história da minha vovis. Ele liga o tempo inteiro, já foi visita-la duas vezes. 

Meus pais não foram feitos para viverem feliz para sempre, eu entendo isso, mas não quer dizer que eu tenha que viver os erros deles pro resto da vida. Eu aprendi que tenho a minha vida, que nem comecei a viver ainda e tenho muuuuito tempo para isso, para criar a minha história, os meus erros. E é isso que estou tentando fazer, viver a minha vida.