terça-feira, 22 de julho de 2014

olho no passado

Eu entendo. Realmente entendo. Sei o quanto sou cabeça dura, orgulhosa, sarcástica quando estou nervosa e toda com pose de arrogante. Sei que meu revirar de olhos e sorriso cínico deve irritar, meu modo de olhar debochada quando não concordo também. Sei que eu com ciumes sou uma merda. Eu juro, sei de tudo isso, tenho a consciência dos meus defeitos. 

Desde pequena sempre fui metida a querer fazer tudo sozinha, cheia de razão e corria atrás do que eu queria. Sempre vi o mundo como uma competição, que você tem que se esforçar ao máximo, o tempo todo. Só que chega em um momento, um segundo sem aviso, que de repente já não faz mais sentido. Você não quer competir, você já ganhou o que queria. Você percebe que a vida não é uma constante competição e sim um plural de perdas e ganhos. Se você tiver sorte: mais ganhos.

Quando eu tinha os meus 9 anos o mundo era tão pequeno. Na minha cabeça eu era o centro de tudo e tudo tinha que ser referente á mim. Mimada? um pouco, mas não culpo aos meus pais que sempre me deram amor e educação na mesma medida, culpo meu jeito extremista de ser. Por anos eu me vi sendo a melhor do mundo, logo após passei uma fase negra me odiando por completo. Mais tarde consegui me amar mais e odiar menos, consegui um equilíbrio, e ai me apaixonei de repente. Lá se foi o equilíbrio que nunca foi pra mim. Sorri, quis, corri atrás, a realidade bateu, desencantei, doeu, doeu, e doeu mais um pouco. Sobrevivi rindo. E então... Virei a doida da galera. A doida que vira doses de vodka como ninguém e que beija quem quiser sem compromisso. Equilíbrio? O que é isso mesmo?

E lá se foi mais de um ano assim. Bebendo, rindo, me amando, emagrecendo(agora sem auto pressão pra isso), beijando muito(muito mesmo. Tipo pra caralho), rindo das bobas que estavam namorando e perdendo a festa que é viver.

E então sair, beber, dançar, vomitar de tanto beber, não se lembrar de nada da noite anterior e beijar estranhos já não era mais tão legal assim. Mudei de novo. Virei do avesso. Comecei algo que eu jurava que não iria começar tão cedo: comecei a namorar.

E então o que parecia impossível, tirando o fato que eu estava namorando, aconteceu. O equilíbrio chegou e veio me mostrar que até mesmo pessoas como eu podem mudar um pouco. Não estou dizendo que mudei da água por vinho, ainda sou tudo o que citei e mais um pouco. Mil defeitos, complicada, difícil de lidar e finalmente equilibrada. 

Eu não bebo pra vomitar, não vou pra festas pra beijar 6, não fumo porque acho legal, não mando tomar no cu sem pensar duas vezes. O fato é que ter você me fez cautelosa. Eu não sou aquela "falsa feliz" que bastava uma dose de vodka pra gargalhar e fazer o que der na telha por ai, com você eu me tornei simplesmente feliz.

Um dia eu li uma frase que não lembro de quem é, mas que diz mais ou menos isso: "não mudo por ninguém, mas melhoro pra quem merece". E você mereceu, merece que eu melhore a cada dia, que eu me esforce pra te fazer tão feliz quanto você me faz.

Obrigada por mudar meu jeito de ver o mundo, por me tirar daquela vida em que eu pensava que estava feliz, aquela vida que eu não tinha mais que uma amiga verdadeira e mil amigos de copo.

Você apareceu na minha vida me ajudando quando eu tava passando mal de tanto beber. Nunca tínhamos tido uma conversa com muitas palavras, mas isso bastou para que você cuidasse de mim com a minha melhor amiga, enquanto meus "amigos" nem se moveram do lugar. Não tenho vergonha dos meus vexames, porque sem eles você não tinha entrado na minha vida. Não sei como você se apaixonou por uma garota que beijava todos, bebia todas e vivia vomitando por ai. Um dia desses te perguntei o que você viu em mim. E não é uma pergunta daquelas que espera elogios. Se você tivesse me conhecido como os outros conheceram, beleza, reconheço que sou bonita e sei me cuidar, mas você conheceu meu lado mais podre. E gostou. Vai entender. Mas é o que dizem, quando é pra ser simplesmente é. 

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